março 12, 2008

Amores Expressos, amores estranhos

se você não entende nada de cinema como eu, e tem a leve impressão que cinema oriental tem poucos diálagos e é aquele filme paradão, cult demais, coisa e tal, não se leve por isso ao ver Amores Expressos do Wong Kar-Wai! (se você entende taanto de cinema, o que faz aqui?)
eu resolvi vê-lo numa tediosa noite de domingo (nem tanto, pois precisava dormir pra segundona) e me surpreendi.
conta a história de dois policiais, o rompimento com o seu par e a nova paixão estranha. é um filme de amor com dois policiais, certo, mas não fala nada da profissão deles, e nem trata do amor do jeito que ele é retratado ultimamente, com toda aquela coisa carnal envolvida. não me lembro de cenas de sexo nem mesmo de beijos. mas fala de paixões. sou louca por filmes assim, como Closer que não mostra sexo, mas só fala disso, praticamente. e melhor! as histórias dos dois policiais NÃO se encontram (dar um tempo de toda essa safra eoooorme de filmes franceses de encontros de histórias diferentes, gente, CAN-SOU), elas são distintas, apesar de ter os seus pontos em comuns, como eu disse.
O mais legal do filme são todas as coisas estranhas, digo, se você gostou de O Fabuloso Destino de Amelie Poulain, deveria realmente ver esse filme. 30 latas de abacaxi (eca!) enlatado com a mesma data de vencimento, peixes pros aquários dos outros e tantas outras coisas estranhas e fascinantes que NÃO (e graças a deus) tem explicação, são assim só, por elas mesmas. É que toda essa coisa me fascina mesmo, quem dera eu ter toda essa criatividade.
Além do mais toca mais do que qualquer coisa uma das músicas pops mais legais do mundo: California Dream do The Mamas and the Papas (ou aquela musiquinha remixada que você ouviu no rádio no verão passado).

ah! talvez eu fale grandes besteiras dos filmes e não saiba analisar eles direitos, mas esses amores, esses amores são tão lindos! fui dormir meio atormentada, com dó de ter que ir dormir e não poder pensar a noite inteira da infinidades desses amores expressos, amores estranhos.

março 02, 2008

O Gangster x Tropa de Elite

parentêses não é pra levar nada a sério. eu não entendo de porra nenhuma, apenas gosto de escrever minha opinião. então aqui fiz para aqui escrever e ponto final, oras bolas. se eu tiver visistas (oque não acredito) enfio aquele treco do google para ganhar dinheiro, porque apesar de eu acreditar que o comunismo é a solução pro mundo, este não tá nem aí, e continua completamente capitalista. inclusive eu. fecha parentêses

Fi ver O Gangster, e eu com toda essa mania de anti-norte-americanos, avaliei o filme todo comparando com o Tropa de Elite. É um filme, na minha opinião, tipicamente americano. Temos aqui os elementos principais: Guerra do Vietnã (meeeu, como eles adoram essa guerrinha nos filmes!), um pouco de sexo (sem que isto mude o caminho do filme) pra atrair atenção dos espectadores, morte, máfia, negros no poder, boates com putas, etc etc. Principalmente aquelas citações irritantes "A América é livre, A América é blabla", sendo que a América é só aquela porra de EUA. Isso é extremamente iritante pra qualquer americano, sem ser estadunidense, com um mínimo de orgulho continental (digamos). Outra citação que se repete o filme inteiro é "MY MAAAN" e que aparece com legendas ridículas de meu camarada e meu chapa. Odeio citações que se repitam por todo o filme.
Enfim, quando cheguei a acreditar que o filme deveria ser exibido apenas nos EUA, percebi toda uma intenção maléfica. O final é justo. É diferente de Tropa de Elite, que se mata o traficante, mas que todos nós sabemos e o filme deixa isso claro: não adianta nada, a polícia e a justiça daqui é uma porra. Em O Gangster fica claro que os traficantes, ou melhor, mafiosos vão continuar a agir, mas deixa uma certa esperança que as coisas voltam ao lugar certo. Isso basta pra sair do filme até que feliz. E pior, cara, esses filmes tão cada vez mais desafiando o senso de justiça do espectador. Como um dia ouvi numa palestra que, hoje em dia, os valores se perderam, e o ilegitimo, proibido e errado se tornou o mais divertido. É claro que os meios de comunicação em massa, inclusive o cinema, perceberam isso rapidinho e cada vez mais saem esses filmes com vilões carismáticos, a gente acaba ficando na dúvida se o cara deveria sofrer ou não pelo que tá fazendo. Talvez os meios de comunicação que tenham provocado isso e não apenas percebido, mas isso é outra história. Acontece que no final os conceitos de o que é feio e o que é bonito se perdem. Perigosíssimo, diga-se de passagem. O interessante que fui ver com meus avós, e constatei que a geração deles tem esses conceitos em ordem. É mais ou menos assim: Quem mata é bandido ponto final
Além do que, temos a presença de um atípico e bobo policial honesto, uma espécie de Capitão Nascimento mais bondoso, um herói. Só que o tráfico que a gente vê nesses filmes estrangeiros é muito diferente daqui. Aqui é favela mesmo, neguinho, raríssimos policias honestos, muita corrupção, traficante manda-chuva, muita lama, muita mesmo. Na base, os meios para se chegar a essa situação são os mesmos, mas os traficantes de lá tem classe, são máfia (muito mais chique né). O problema é que o mundo inteiro tem viciado, e essa questão de refugio da realidade está muito mais ligada ao tipo de sociedade que se formou. Surge aquele desejo de fugir desse inferninho que temos que encarar todos os dias, é um fato. Mas isso são outros 500, e o filme não trata esse lado.
Enfim, dizem que é baseado em uma história real. Até fico invejada em saber que em outros lugares o final pode ser meio felizinho. Aqui a coisa tá preta.
A trilha sonora é boa (tirando as que os figurantes cantam - pééssimas), muita música negra boa, talvez ressaltanto o fato do manda-chuva da vez não ser da máfia italiana como mandava o costume, mas sim um negro. Ao contrário da trilha de Tropa de Elite que infestou infernalmente todos os cantos desse Brasil.