janeiro 16, 2013

cheiro de corpo

enfiei debaixo da minha camisa e senti seu cheiro de corpo
era algodão sabonete suor e pele, era muita pele, você
era sobretudo quente.

vamos nos encontrar, bonitinha, na saída da noite à esquerda
a gente usa toda aquela cocaína que eu te comprei
e amor à revelia, bem.

que eu ando duro trepando com cadela na rua
melancolia a zero grau, tempo frio, o seu cabelo de cacho
meu maço.

janeiro 06, 2013

leva embora

diga-me, ai querida, leve embora, leva, leva. leva pra longe, que é pra eu não ver mais. vai cuidar dos feridos dele, do corpo cravado. come dele. a carne é macia, o pinto é que não fica muito duro. lamba direito primeiro, que precisa lubrificar. tudo nesta vida, novinha: precisa lubrificar. nada vem pá, explodindo de tesão. tudo devagar, lentamente, sobe e desce, haja paciência. é de reclamar, eu sei. dá dor nas costas, dá. se vale? ora, não sei, vale. não sei, que sozinha se dá um caldo. ainda mais você tão bonita e tão nova. sendo eu você, me fazia um estrago. era amor todo dia. era amor, querida, que a gente usa disso pra ser mais assim, plena. carrega esse peso contigo. não traz mais, me fez dolorida, minha lombar reclama. e eu sozinha, me faço um pouco. e depois, o mundo é tão. a esquina é próxima, cruzaria um ou dois olhares, um moribundo, uma manhosa, a gente leva. ou não leva. que ando cansada, com vontade de dormir. me dá preguiça dessas mimices, do depois. depois-e-depois-e-depois. se abrisse um buraco no chão e só, ai menina. seria tudo fácil. e não haveria tempo pra paixão aflorar. maldita. flor ruim, diaba, cresce em terra dura, é feia. mas gruda. tem mel e gruda. gruda na buceta, louca por. que preguiça. queria só me espreguiçar e acender. e acender noite e dia, morrer. mas agora com ele longe, você rindo porque pensa estar me enganando, ele como sempre sendo levado pra lá e cá achando-se dono do corpo. é nada. não guardo ressentimentos, de você, menina. dele, nada. é só peso. um riso talvez. um pouquinho de alma. aquiesce, é certo. mas se vive sem. se vive? não sei. é também comida. sabe? tenho medo de me querer muito solitária. vivendo enroscada nesse intestino. dia sim, bosta, dia não, flora. e ele era assim, um pouco, um abraço, ou a esperança de. mas não me importa, leva logo. sou macaca velha e chorar não hei. chorará você. chorará você com toda sua meninice, buceta nova, corpo arrepiando arrepiando sempre no gerúndio. não tenho saudades. de nada, não tenho saudade. adeus, seu estúpido. que para sempre se esconda nas asas das mulheres meninas e velhotas que para sempre seja só omisso sob elas que um dia você saiba: você não é gigante nem dono do seu caminho. mas o tempo triste lhe dirá. lhe dirá. eu apenas espero. sentada. preguiçosa. me ascendendo, em mim mesma, doida pro mundo, sonolenta, estalidos altos, incômodo de vizinho, veneno de cobra, pica rola.

faz tanto

queria ver o comprimento dos seus cabelos agora.