novembro 30, 2008

Vicky Cristina Barcelona


gosto de filmes que tenham uma música só, se ela for boa o suficiente.
ah! existem mulheres mais bonitas que Scarlet e Penelope Cruz, existem? Woody Allen, você tá ficando espertinho; o mundo não aceita mais Annie Hall's em sua geneliadade louca e largada; queremos exuberâncias internacionais.
não gosto muito de narradores. eu o tiraria em algumas horas, mas confesso que ele é imprescidível em outras, principalmente quando a ironia se mostra mais presente.
o que faz Vicky Cristina ser um bom filme? com certeza não é o título. para mim, é a reviravolta de personagem. do início, percebe-se a exata diferença entre as duas amigas: uma louca e uma normal. estereotipadas, codificadas. pois bem, percebe-se que a normal, apesar de se apresentar mais cética e racional, consegue sentir intensamente algo que realmente valha. talvez seja o que Cristina sempre quis, e nunca achou, em sua inconstância um pouco clichê. Cristina não tem um envolvimento amoroso cinematográfico com Juan. ele caminha aos poucos, e distancia-se da paixonite devastadora que coloca em cheque todos os valores de Vicky. Woddy, por que a Vicky teve "algo" com o seu colega de curso? talvez para mostrar uma pré-disposição à traição, um arrependimento amargo ao se entrelaçar com o seguro marido sonso, os seus princípios esfarelados e a paixão ainda palpitante, apesar do tempo sem Juan. mas não parecia nada necessário, realmente.
Juan é um cara inexistente. é o típico de filme que gente de arte gostaria de viver. Europa, círculo social de cultos e artistas, bons vinhos, boas obras de arte, oscilação de humor, trios amorosos, amor livre. eu, ás vezes, duvido que isso exista. aonde estão os artistas incompreendidos, cópias de Picasso, em busca de amores inexistentes, francos, sedutores e carentes? há uma banalização em torno dos heróis cults, os libertinos-sensíveis-fracassados. deixa nós, pobre garotas de países subdesenvolvidos, a sonhar com o que inexiste. é quase efeito Príncipe encantado com jeito de Ogro.
Maria Elena é o ápice da dúvida: existirá insanidade talentosa, beleza virtuosa, intensidade espontânea desse jeito? mas chega de se prender aos valores reais. aquilo é uma ficção. talvez Maria tinha tudo para ser uma personagem complexa, mas torna-se até simples, porque segue esse mesmo estereótipo de artista boêmia depressiva e sexy. até mesmo quando aparece de surpresa, é quase como se o incosciente soubessa da sua permanência constante. gostar tanto da personagem e identificar essa permanência na vida de Juan me afetou. digo, em valores pessoais, reais, da minha vida íntima e muito bem escondida. por isso, fiquei um pouco incomodada, um pouco maravilhada. talvez eu fosse como Cristina, que se mostra um tanto livre, mas sente-se conformada o bastante para seguir em uma situação aparentemente absurda. são hippies ou boêmios? no final, são todos outsiders. o que não exclui Vicky dessa categoria do mundo moderno, onde tudo é dividido metodicamente. não é porque o medo toma-lhe como característica marcante, e pareça-nos um pouco chata demais sua vida em compração com a dos artistas tresloucados, em sua essência, grita uma força explosiva.
Maria tem a confiança sob ponto máximo, não se sabe a que ponto ela fala verdades ou mentiras, conhece-se pouco da sua personagem. parece um tributo às mulheres, ao enfatizar suas formas mais encatadoras que se mesclam e não se pode estereotipar. três, na verdade, são uma, e não em torno de um homem; um homem lindo, digamos, por todos os seus atos; em torno delas mesmas.
o final é contudente: tudo está como está. assemelha-se ao começo, e a impressão que deixa é a infelicidade de todos os personagens, apregoados a sua própria armadilha.
por fim, fica o que marca esse diretor-engraçadinho: a tragédia em forma de comédia.

novembro 15, 2008

18 anos.

e aí?

(ou seria
e dai?)

novembro 04, 2008

estamos bem mesmo sem você.

Anche Libero va Bene.

Minha mãe disse que a língua italiana vem dos poetas. se for assim, quero esquecer o clichê dos franceses. Encontros e desencontros em cafés irreais, cidade de luz, barcos rústicos, escritores decadentes, poesia urbana, cabelo curto e boina, fragilidade romântica. Nah.
O soar estridente das vozes desafinadas, gotículas de saliva acompanhadas de palavrões românticos, o impulso violento, facismo disfarçado, o carinho exagerado, sentimento escancarado, e ao mesmo tempo, muito bem escondido. Va bene.

Me fascina Tommi. Não consegue se recuperar tão facilmente como Viola das idas infindas da mãe. Inseguro, tímido, mas nunca que se admita. Impulsivo, inquisidor. Desacreditado, desconfiado. Pessimista. Gosta de fugir da realidade. Gosta de se proteger. Gosta de negar. Tem medo de perguntar se está tudo bem. Tem medo dos próprios desejos. Gosta de fugir. Gosta de agradar. Não encontra a si próprio. Sabe muito bem como ser ele. Não gosta de chorar perto dos outros. Não diz que ama. Mas ama. E chora.

de quem eu falo, do personagem ou de mim?

novembro 02, 2008

achei que era ressaca e era cólica.

por que os piores dias do mês coincidem com meu período mentrual?
ah vá, se é pra sentir dor, que sinta tudo de uma vez.