agosto 19, 2014

sr barão

era uma vez um distritinho
uma cidadezinha
cheia de gente e artista
um dia ela acabou
sumiu
acabou do mapa.

(protótipo pra um cem anos de solidão fajutíssimo e escravocrata)

agosto 04, 2014

fisiológica

caguei agora escuro à beça. "irresponsabilidade existencial", li em ana cristina. esta mulher me dá arrepios enquanto cago vai saber se pela merda se pelo toque. irresponsável existencialmente, vivendo sem nenhuma teoria política (ai, quem dirá filosófica). no máximo fisiológica. presto atenção no cheiro de dentro, na cor da merda tal e, um monte de cravos intupidos, ih, preciso correr, fazer pilates, me alimentar bem, sobrou só miojo não tem nem manteiga pra ficar cremoso. vou te amando fisiológica. se vejo sacada no poema, me dôo ineira, sou eu mesma, fazendo nada. queria escrever, este mundo está uma grande merda: queria escrever como é que é viver num país apertado apartado onde estouram dezesseis bombas por dia. não tem por onde correr, é esperar a morte e olhos vermelhos e corpo reteso. mas não sei escrever, se não invadir um pouco os conceitos de claustrofobia. mas claustrofóbico que está lá em gaza ou no rio de janeiro, é sair e ainda ver tudo fechado, tudo claustrofóbico. é o céu como uma abóboda de ferro, sacou? da onde explodem luzes absurdas. e a gente aqui, me disseram: vai ver a chuva de meteoros. vai ver se te levam proutro planeta, leva aqueles, moço, rei do universo e de marte, vem aqui fazer intervenção militar alienígina, pelo amor de um deus que sei lá. eu sei escrever sobre ficar em casa, oprimindo opressora a si mesmo, respirando ar de metal pesado bebendo água de hormônio cheia de sujeira - reparei que a água tem gosto diferente, vai ver tem relação íntima com a cor da minha merda, aí fudeu/não fudeu. mas lá fora, entendeu, lá fora e o corpo é massa, carnificina humana, vão usar junto de cimento é sim, é sustentável, que se há de fazer? já morreram mortos todos. onde é que enterram toda essa gente ein? vão construir um cemitério aonde ein, que terra ein me diz, vai tá vindo corpo pra cá pelo aquífero guarani vão ter que enfiar em todo lugar. o importante é descentralizar, descentraliza, vai, vai vai. queria descentralizar meu centro, continuo te amando, essa mesma tecla, fico triste, ai a memória e a saudade. irresponsabilidade existencial dessa opressão sentimental. é, opressão sentimental, chega. por ora. já vou indo, voltar pra sacada, vidinha tediosinha. melhor essa que morrer aterrado; a saca tá no alto.

agosto 02, 2014

fetiçaria

eu preciso olhar mais atentamente para as pessoas. eu preciso olhar nos brancos dos olhos e não só no sorriso grande ou fino, eu preciso olhar prelas com alguma magia, preciso compreender a histeria delas, preciso respeitar a soturnice desenganada. eu queria te encontrar num bar, ficar várias horas num papo sem rédeas. queria te convidar pra ir em casa, ver videoclipes em loop, qualquer coisa, ouvir um samba. quero compreendê-las como um todo e gostar delas, quero compreendê-las como um bloco que habita e se encaixa ou aterroriza meu mundo. não só o meu mundo todo o mundo, que é que você faz, tem olhos sérios demais e os olhos sérios demais assim se encaixam desencaixam. quero gostar delas à medida que elas são. e percebê-las assim. mesmo não gostando, de alguma forma mística, elas desfilam ao mundo e percorrem fileiras fazendo oposição. de alguma forma mística quero gostá-los como uma bruxa os faria para com o mundo. convido-te para tomar um chá de ervas. quero conhecê-los reconhecê-los. preciso. gente mais ou menos que anda a meia a volta, volta, sei lá, que é pra saber, que há. não há só os meus olhos, nem os teus. tem uma doidera, uma ziquizera, entendeu.