agosto 04, 2014

fisiológica

caguei agora escuro à beça. "irresponsabilidade existencial", li em ana cristina. esta mulher me dá arrepios enquanto cago vai saber se pela merda se pelo toque. irresponsável existencialmente, vivendo sem nenhuma teoria política (ai, quem dirá filosófica). no máximo fisiológica. presto atenção no cheiro de dentro, na cor da merda tal e, um monte de cravos intupidos, ih, preciso correr, fazer pilates, me alimentar bem, sobrou só miojo não tem nem manteiga pra ficar cremoso. vou te amando fisiológica. se vejo sacada no poema, me dôo ineira, sou eu mesma, fazendo nada. queria escrever, este mundo está uma grande merda: queria escrever como é que é viver num país apertado apartado onde estouram dezesseis bombas por dia. não tem por onde correr, é esperar a morte e olhos vermelhos e corpo reteso. mas não sei escrever, se não invadir um pouco os conceitos de claustrofobia. mas claustrofóbico que está lá em gaza ou no rio de janeiro, é sair e ainda ver tudo fechado, tudo claustrofóbico. é o céu como uma abóboda de ferro, sacou? da onde explodem luzes absurdas. e a gente aqui, me disseram: vai ver a chuva de meteoros. vai ver se te levam proutro planeta, leva aqueles, moço, rei do universo e de marte, vem aqui fazer intervenção militar alienígina, pelo amor de um deus que sei lá. eu sei escrever sobre ficar em casa, oprimindo opressora a si mesmo, respirando ar de metal pesado bebendo água de hormônio cheia de sujeira - reparei que a água tem gosto diferente, vai ver tem relação íntima com a cor da minha merda, aí fudeu/não fudeu. mas lá fora, entendeu, lá fora e o corpo é massa, carnificina humana, vão usar junto de cimento é sim, é sustentável, que se há de fazer? já morreram mortos todos. onde é que enterram toda essa gente ein? vão construir um cemitério aonde ein, que terra ein me diz, vai tá vindo corpo pra cá pelo aquífero guarani vão ter que enfiar em todo lugar. o importante é descentralizar, descentraliza, vai, vai vai. queria descentralizar meu centro, continuo te amando, essa mesma tecla, fico triste, ai a memória e a saudade. irresponsabilidade existencial dessa opressão sentimental. é, opressão sentimental, chega. por ora. já vou indo, voltar pra sacada, vidinha tediosinha. melhor essa que morrer aterrado; a saca tá no alto.