julho 21, 2017

nascimento e morte de sofia vieira garcia

sofia veio ao mundo na barriga da minha mãe, eu tinha quinze anos. eu gostaria de contar a sua história como se sofia habitasse a primeira pessoa, mas, por enquanto, eu consigo conceber sofia através de mim mesma. talvez porque houve um antes - sem sofia, e um depois - de sofia ir embora, e eu tenha continuado aqui. anets de sofia, eu tinha visto bebês nascerem, mas nunca um irmão. antes de sofia, meu avô tinha morrido, mas nunca alguém que eu amasse tanto.
aos 15 anos eu tinha vivido tempo demais como filha única, e era, de certa maneira, era uma menina calma e independente. eu acompanhei com curiosidade a gravidez da minha mãe, mas sem nunca pensar direito no assunto. quando ela me perguntou se eu estava bem com ganhar uma irmã, eu disse apenas que tinha medo de não ter dinheiro dali para frente. parece mesquinho e horrível, mas de fato era o que me assombrava. o que me faz pensar que, antes de tudo, pelo menos, eu era pragmática. eu deixei para amar sofia quando o amor viesse por si só. talvez eu estivesse calma o bastante por saber que eu o amor brotaria sem qualquer artifício. ele brotou. não sei quando. não exatamente quando a  minha mãe deu a luz, foi um parto complicado. uma cesária demorada, aflita. tem uma foto em que eu uso duas tranças e seguro sofia recém-nascida nos braços. é engraçado lembrar dessa foto, porque aos 15 anos eu me lembro de estar tão calma e segura, mas aos 15 anos e com duas tranças, uma calça de flanela xadrez e uma regata preta desgastada, eu era uma criança. sofia nasceu dia 5 de janeiro. mas nada mais me lembro, além dessa foto, e de olhar ela através do vidro do hospital, em que era a única menina e tinha 51 cm. era o maior bebê do hospital. a semana seguinte ao parto da minha mãe foi triste, terrível. minha mãe não reagira bem às anestesias da cesária e ela passou uma semana de cama, debilitada. não conseguia comer, e por isso, seu leite estava estava escasso. ela estava fraca, dormia o dia todo, e acordava para que sofia pudesse mamar. talvez ali, eu tenha sentido o amor, o amor urgente e necessário que um recém-nascido demanda. ás vezes meu padrasto estava muito cansado, e restava para que eu ficasse dando volta pelo corredor de casa, com sofia no carrinho - eu tinha medo de segurá-la por muito tempo - tentando fazê-la parar de chorar. eu conseguia. junto dessa urgência, eu tinha algum orgulho de mim mesma. orgulho que me acompanhou durante seu tempo doente, de como eu chegava ao hospital na intenção de fazê-la rir. eu conseguia, algumas vezes. são estes os momentos que mais me doem, porque são minhas memórias que coloquei em uma redoma de vidro, para nunca serem tocados, para nunca serem esquecidos. sofia foi crescendo como se deve, tinha dois olhos muito azuis que a gente nunca sabia se continuariam azuis, e foram esverdeando. eu olhava sofia com um ou dois anos e achava-a bonita até demais. eu tinha um pouco medo da beleza dela. seu cabelo era todo cacheado, loiro puxado para o escuro. sofia amava brincar na rua e ir para a escola. ela sempre gostou de estar rodeada de outras pessoas, de outras crianças. ela brigava com sua melhor amiga da mesma idade, mordia a bochecha do juan da escola. eu cuidei dela durante muito tempo, limpei sua bunda, troquei fralda, ela tomava banho junto comigo. nós desenhávamos, eu gostava de pintar o rosto dela com tinta de palhaço, colocávamos um cd de músicas infantis e ficávamos jogando ursos e bonecos para cima, deixando a casa um caos. nós fizemos isso até seus últimos dias, enquanto ela pôde andar. nós brincávamos e também discutíamos, e na maioria das vezes, ela ganhava de mim nas discussões. eu fazia técnico de meio ambiente, tinha 17 anos e sofia 2 e meio, quando recebi uma ligação antes de entrar para a aula. eu me lembro que estava sentada, esperando o sinal bater, no grande pátio que tinha aquela escola. há mais ou menos um mês, sofia estava doente. ninguém sabia o porquê. tinha dores de estômago, vomitava. achavam que era gripe, resfriado, deram inúmeros remédios. ficava deitada e começou a recusar suas comidas favoritas. um médico chegou a dizer que era psicológico. mas naquela noite ou naquela manhã, não sei ao certo, mas minha mãe com certeza o sabe, ela teve duas convulsões. no hospital, finalmente fizeram uma tomografia. sofia tinha um tumor no cérebro. um tumor do tamanho de uma bola de tênis. quando minha tia me ligou, ela já tinha entrando em operação. eles a operaram na hora. não havia tempo. nunca há tempo. tudo se descobre repentinamente. tudo isso, as doenças devastadoras repentinas, ou o câncer que fica quieto, crescendo, até que, de repente, aparece com uma sentença de morte. eu odeio tudo isso. tudo isso, não terem feitos exames nunca. tudo isso, sem ter a ninguém a culpar. eu lembro de ter chorado no chão, dandara estava ao meu lado. eu contei. e fui para o hospital. de ônibus, da minha escola, que era longe. mas fui e eu não me lembro desse caminho. eu me lembro de estar na sala de espera, e de poder entrar na UTI. sofia estava lá. deitada, viva, careca, com uma faixa de gaze em torno da sua cabeça. cabeça que foi aberta e fechada num mesmo dia, numa operação de seis horas. ela estava viva e tinha resistido bem. todo o tumor foi tirado, eles disseram. ela estava fraca, e dormia mais do que acordava, mas estávamos bem, estávamos felizes.
eu cheguei a acreditar, é claro, que tudo tinha terminado ali.
depois de uns dias, uma amostra do tumor foi enviado para biópsia. quando sofia estava quase recuperada da cirurgia, fomos ao boldrini, hospital de câncer de campinas. não, minha mãe e meu padrasto foram. eu, provavelmente, fiquei com ela, enquanto eles recebiam a notícia de que sofia tinha câncer e que teria de trato-lo com quimioterapia. eu não me lembro se houveram alívios como: descobrimos agora, há grandes chances. na verdade, eu me lembro de sentirmos uma esperança grande e ingênua, mas irredutível, como uma luz cega. eu não cheguei a ficar tão triste, porque dento de mim, eu sabia que ela iria recuperar.
esse é o único jeito de seguir em frente, com a certeza absoluta, completa - a única certeza que eu provavelmente experenciarei na minha vida.
eu tinha 17 anos, era junho e fazia frio. eu fiz dreads e fiquei de recuperação em todas as matérias do técnico e em matemática no médio - foi a primeira vez que isso aconteceu comigo, e eu não ligava.
primeiro, vieram as quimios extensas. ficávamos dias, semanas, no boldrini. ela ainda usava fraldas e nunca deixou de usar, era o jeito mais fácil de cuidar. não podia comer nada natural, nenhuma fruta ou legume ou verdura, porque seu sistema imunológico chegava quase a zero. não entrávamos com sapatos em casa, tinha alcool gel em todos os cantos, tinha sempre que lavar as mãos, se estávamos doentes tínhamos que usar máscara. mas não importa. sofia ficou triste porque não podia ir mais à escola. ela amava a escola. sofia ficou triste porque não podia mais ir aos parquinhos. mas ela soube viver, entretanto. há uma janela de imunidade depois da quimio em que ela não podia sair, depois o sistema se recuperava e podíamos sair. íamos ao shopping, ela comia mc lanche feliz. ela amava muito mc lanche feliz. eu me lembro particularmente de uma coisa, nesta fase: no último dia de cada internação, eu e minha mãe ficávamos muito ansiosas. eu e minha mãe dormíamos no hospital todo dia, revezando entre o quarto com cama ao lado do quarto de sofia ou a cadeira que deita ao lado de sua cama. quem dorme na cadeira, além do pior sono, tem que acordar no meio da noite para trocar a fralda, pesar e anotar. tudo era controlado. então, eu e minha mãe também estávamos sempre doidas para ir embora dali. um hospital nunca se torna a sua casa. havia ali uma brinquedoteca que ajudava imensamente as crianças. era o único contato possível: um monte de crianças carequinhas e com catéter sendo crianças, sendo más umas com as outras, brigando pela posse de certos brinquedos e criando fantasias, excluindo e interagindo. recebíamos pastas todos os dias com desenhos para pintar junto a sofia, com gibis da mônica, com livros infantis. também kits básicos de costura, como linhas e miçangas, paras as mães se ocuparem. mas o hospital não é uma casa. no dia de irmos embora, eu e minha mãe acordávamos bem cedo, comíamos o café da manhã do hospital, minha mãe arrumava tudo, eu aprontava sofia, tirava sua roupinha de hospital e colocava o vestidinho, o chapéuzinho. ficávamos as três ansiosas. só precisávamos que o médico passasse para nos liberar, o catéter de sofia já não estava conectado aos remédios e soros. ás vezes, o médico demorava 3 ou 4 horas. saímos bem depois do meio dia. tudo que ele fazia era passar, ouvir o coração de sofia e dizer: podem ir, semana que vem, consulta tal. mas ele demorava 3 ou 4 ou 5 horas para liberar.
algo tão cruel que eu nunca consegui entender.
ás vezes minha mente fica confusa. eu não sei contar direito com exatidão o que vem depois do que. mas depois do fim desse tratamento, o tumor reincidiu, uma nova operação e um novo tipo de tratamento eles sugeriram. com o tempo, percebemos que os médicos davam ordens claras e precisas e ficavam muito bravos caso não seguíssemos qualquer coisas, mas eles não sabiam o que fazer. sofia era um estudo de caso da médica que era responsável por ela. uma senhora de rosto redondo e cabelo preto em volta que oscilava entre irritada e amorosa. geralmente, era seca, e nunca olhava nos nossos olhos. ela não deixou minha mãe tentar homeopatia, pois isso poderia interferir no tratamento. nós nunca tínhamos escolhas. quando sofia teve de vir se tratar no graac, em são paulo, e mudou de médica, as duas começaram uma rixa de ordens e procedimentos. e todas essas coisas burocráticas, escrotas, humanas demais, que nunca estão nos relatos de alguém que sofre de câncer, tornava tudo mais difícil, irritante. não é um processo linear, e embora os médicos assegurem certeza, eles estão testando, tentando. eu não os julgo, mas no mínimo, gostaria que fossem transparentes acerca de seus processos. eu sempre odiei a ideia de radioterapia. a essa altura, um pouco de cabelo tinha voltado a crescer na cabeça de sofia. quando ela tinha cachos, os balançava e dizia: meus cachinhos, meus cachinhos. parece um filme de drama, mas eu não sei o que dizer, tínhamos essas brincadeiras. quando ela cortou o cabelo dela, choramos. mas ela continuava a balançar a cabeça e dizer meus cachinhos. ela disse isso num dia que estávamos indo para a sessão de radio, no carro, e ela passou em frente a uma creche, com um parquinho e disse: eu queria ir a escola. eu disse: você vai. eu tinha certeza que ela iria.
eu odiava a radioterapia, porque a ideia de jogar radiação num cérebro de alguém me parecia, no mínimo, escrota. todas as manhãs, durante o mês de julho, um ano depois de descobrir o tumor, íamos naquele hospital. primeiro, eles pousavam um pano com éter no seu nariz, e ela dormia. e depois, entrava numa máquina gigante. eu a vi só uma vez. eu e minha mãe ficávamos 4 horas lá, esperando. e, geralmente, íamos pro mc donalds mais perto. eu conheci muitas pessoas com filhos com câncer. nesse hospital, havia um pai muito miúdo e muito gentil que tinha vindo do acre só com as roupas da filha dele. morava numa das casas que o mesmo mc donalds oferecia por causa do dia do big mac. eu também fico impressionada como o mc donalds pôde ser tão presente na minha vida, nesses anos. a mãe da filha desse homem tinha abandonado os dois, ao saber da doença da filha. ele tinha vindo sozinho, buscar tratamento. recebia suplementos de todo mundo, roupas e brinquedos. eu vendia bic macs para todos que eu conhecia no dia que era revertido para "crianças em tratamento", e todo mundo acha isso uma estupidez, mas era o mínimo que eu fazia por todas as crianças e pais que eu conhecia. depois da morte recente de sofia, eu estava ficando com uma menina e tínhamos vindo para são paulo para a casa de uma amiga dela. eu lembro de ter chorado para ela dizendo que gostaria de ir ao shopping comer bic mac porque era o dia do big mac. os rituais que eu construí na minha cabeça, para aguentar toda a dor, não são glamorosos e não tem nenhum tom de superação. eu prometi mil vezes que eu iria ser voluntária depois da morte dela e brincaria com as crianças, eu mandei e-mails. mas nunca fui. eu não sei se teria coragem de olhar as crianças vivas, sabendo que algumas iriam viver e outras poderiam morrer. a única coisa sólida que eu podia fazer era ir ao mc donalds. e isso é extremamente triste e patético, mas é isso.
a sofia amava mc lanche feliz.
(...)

julho 03, 2017

3: diga-lhes que dormi

nita acordou com o frio dos panos úmidos na bochecha, deitada na cama de seu pai, o mosquiteiro cobrindo toda. lentamente movimentou a cabeça e deu a ver um vulto que a vigiava por detrás do véu do mosquiteiro. na boca, faltava um ou dois dentes. os longos cabelos grisalhos, que ao se mexerem, brilharam à luz do sol que entraram pela janela, fez nita reconhecer o fantasma que lhe guardava. o contragosto dominou o seu corpo e fez menção de se levantar, a mão firme da cuidadora segurou seu braço. ela não devia ter mais que quarenta anos, mas seja pelo seus trejeitos e a sua voz rouca, ou talvez os serviços de curandeira e enfermaria que ela prestava seja quem fosse pedir-lhe ajuda em sua cabana, coberta ainda de folhas de bananeiras em vez de telhas, parecia uma idosa. sem nome, com pouca fala, chamavam-lhe inhã ou moça. sozinha, alimentava os gatos mas não tinha nenhum, tinha sido enfermeira durante alguns anos, preparava chás e infusões e receitas aprendidas com a sua família, indígenas do interior, já todos mortos. nita conformou-se com o toque da sua mão quente e sentiu que ela retirava os panos úmidos e recolhia o mosquiteiro; sem o véu tudo estava claro e os dois olhos levemente puxados da moça olhavam-na de maneira clínica. mesmo assim, a visão de nita ainda era embaçada e a moça prestava atenção àqueles olhos grandes e belos, mas baços, que lhe fitavam assustados feio um gato filhote. a moça passou a mãos pelos seus dedos e saiu, deixando a porta aberta. nita sentia um enorme temor no peito, sufocando, tentou lentamente sentar-se na cama. olhou com curiosidade o dedo, o machucado no dedo, ainda vivo, e o risco leve e vermelho, cicatrizado, fez seus olhos se encherem de lágrimas. seu olfato foi invadido por um odor de ervas bem forte, algo doce e inebriante, e a xícara de chá estendida pela moça apareceu na sua fuça. negou sem dizer nada, mas a xícara continuou ali, a mão firme e sem tremer, nita pegou-a e deu um gole que esquentou todo seu corpo. a moça sentou-se de novo na cadeira ao lado da cama. nita agradeceu com a cabeça. depois desse chá, você está pronta, se sentir disposta, a sair. nita tomou-o devagar, pois não sabia se gostaria de sair, pois não sabia para onde é que iria, por ora, o chá dava-lhe uma doce e confusa sensação de irrealidade, de que tudo estava quente e confortável, de que tinha tudo que lhe dispunha. nita sentiu a mão da moça em sua testa mais uma vez, sua mão firme, de temperatura neutra. um sopro quente de ar fez as cortinas balançarem, lançando uma sombra acolhedora para dentro do quarto. nita segurou a mão da moça em cima da mão da testa, desejando que ela não retirasse dali. pousou a xícara de chá e já não contendo o pranto que se avolumava de desejo de escorrer, mostrou-lhe o dedo ferido, colocou perto da boca de moça. moça ou inhã beijou suavemente a ferida, e os seus lábios não eram secos nem rachados, mas molhados e suaves. nita sentiu-se quente e trouxe o corpo de moça para junto do seu, em cima da cama. moça olhou bem em seus olhos, com olhos suaves, nada vorazes, com olhos tranquilos, como duas lagoas, duas poças de água estagnada e clara, dois olhos que lhe faziam esquecer a tortura que se agitava em seu corpo e que não sabia que nome dar, a imagem da feição do homem que não se formava de jeito maneira, mas que espreitava feito uma sombra em seu interior. moça tinha colocado o mosquiteiro novamente e as duas se davam as mãos, no centro da cama, olhando-se nos olhos, nita movimentou-se vagarosamente, passando a mãos nos longos cabelos grisalhos e sentiu a mão da moça percorrer seus seios e seu ventre numa velocidade extremamente lenta, apenas as pontas dos dedos a tocavam, o corpo de nita parecia como o tamanho do corpo do planeta, tão imenso para percorrer com os dedos, ou tão precioso para não se deter em todos os buracos recônditos. quando os dedos de moça chegavam à virilha, nita sentia-se quente, abafada e úmida. ofegava bem baixo, e ainda assim, os olhos de moça calmos como as duas lagoas que nita nunca conhecera na vida, lhe davam paz. quando nita sentiu os dois dedos de moça na sua vagina, sentiu-se toda mergulhada neste lago, rodeada de águas quentes e calmas que faziam cócegas no seu umbigo e entravam voluptuosas pelos buracos do seu corpo, friccionando para dentro do cu e de toda a extensão da vagina, fechando-se sobre si mesmos. somente a boca se mantinha aberta pelo medo de se afogar e nita subia a superfície, mergulhada inteira e sem saída, para buscar ar, o sopro necessário para não se entregar àquela mortalidade. nita viu a boca sem alguns dentes de moça e enrolou sua língua lá dentro de um jeito impetuoso, ainda buscando ar, aspirando o ar quente e morno de dentro do corpo de moça e desceu com os lábios encontrando cada sopro, beijou os lábios menores e enfureceu-se com a tempestade que jorrava líquida, ali não havia calma, se não rebeldia. os lábios pulsavam ferozes e monstruosos, provocativos de um maremoto, foi o que lhe invadiu, às duas deitadas em união, debaixo do mosquiteiro. as duas pingavam e arfavam, mas moça se recuperou logo e os olhos não mais tinham tormenta, como se voltavam à ser aquelas duas poças estagnadas de água, sem emoção alguma. nita sentiu que seu corpo tentava minimamente se desvencilhar do seu, e ela, alarmada, chorosa, dolorida, agarrou seu corpo, ursa como era, montou em cima num abraço, sem deixar alternativa para o corpo magro da cuidadora. ela, então, sentiu seu abraço, e as mãos fazendo um cafuné calmo, trançaram uma grande trança no cabelo de nita. nita afrouxou o corpo e os braços e foi embalada pelo doce caminhar dos dedos sobre seus cabelos, trançando infinitamente de forma carinhosa. adormeceu.
de noite, abriu os dois olhos num susto e do seu lado, dormia a irmã e o irmão pequenos, a cadeira de balanço balançava vazia. ao seu lado pousada a xícara de chá branco, nita pegou em suas mãos, sentiu o cheiro de erva. confusa e ainda sonolenta, dormiu novamente.