maio 13, 2009

ave!

saiu, por esses dias (eu leio jornal atrasado, pois pego na casa da minha vó haha), uma matéria sobre o Jack Kerouac no caderno Ilustrada da Folha de São Paulo. Saiu a foto mais linda que a internet não me deixou ver, e eu logo o coloquei do lado do Chico Science. O Chico, por sinal, é uma foto de jornal também, mas... é colorida. E ele tá todo coloridão, todo dançandinho, com seu chapéu de palha na cabeça, um sorriso sem graça na cara, a cara vermelha de gente da praia. E agora, embaixo, vem Jack, preto e branco, feições obscuras, todo inverno, ouvindo uma transmissão num rádio antigo. Os dois no meio da cidade. Os dois intervetores urbanos, revolucionários de células, empenhados em contra-cultura, cada um a seu modo e região. Eu, que sempre nunca achei direito ter ídolo, eu aqui, todinha derretida por esses dois caras, queria só uma, uma só noite com eles. Quem sabe... uma orgia? Sabe aquela vontade de ficar muito tempo olhando pruma foto? Igual naquele filme, O Terminal. O Tom Hanks diz que o pai dele ficou muito tempo olhando pra foto com os caras do jazz. Quem dera eu ter tamanha sorte de poder conseguir autógrafo de todos eles, como fez o pai. (Mas também, só se inventassem a máquina do tempo!). Analogias à parte, eu, eu, que nunca me decidi por admirar ninguém, nem colocionar fotos, eu aqui, toda entregue à essa ideologia fanática e sem sentido. Sou manguebeat-beatnik assumida. beat beat. fake. sou nada. devosernadadevosernadadevosernada, controle-se.
Algum jornal poderia fazer matéria da Hilda Hilst, por mim? Então, eu poderia virar líquida, desaparecer, enfiar-me em algum espaço-tempo entre aquelas fotos, em alguma projeção além-mundo, e ficar por lá, enamorada, encurralada, totalmente fora de mim. beat beat. vê como eu escrevo como H.H.? sou totalmente influenciada. mas agora assumo: aos meus ídolos, meu coração. aos meus ídolos, minh'alma de nadinha, que nada lhe servirão e muito menos lhe interesserão. mas poderia eu arriscar dizer, que se eu conseguir ser, se eu conseguir reproduzir uma partinha, um mundinho, um cisquinho de tudo aquilo que vocês são, eu posso sorrir em paz. eu posso morrer em paz.
(baby, you make my heart beat faster)

(preciso voltar a escutar Distillers. meudeus, que capacidade de ligação bizarra os humanos tem!)