junho 13, 2009

feliz dia da solidão.

o dia dos namorados não é só uma indústria comercial, como todos já sabemos. é uma pressão psicológica de todos os segmentos da sociedade e dos meios de comunicação. não é novidade que dia das mães e dia dos namorados tem a mesma finalidade lucrativa. mas! no dia das mães não só tocam no rádio músicas sobre mães, e nos canais de televisão programas e filmes sobre mães. mas isso realmente acontece com os namorados. eu não me lembrava desse fatídico dia, mas veja bem, certas pessoas ao meu redor me fizeram lembrar, com um quê depressivo por não estar acompanhada.
pode até ser verdade que vivemos numa era individualista e egocêntrica; mas temos que ponderar: não podemos ignorar o quanto a necessidade de se ter outro se fez mais urgente. não é como 1984 (o livro do george orwell) que falha em um aspecto social: a falta dos relacionamentos. hoje em dia, tudo é... tudo será... em torno disto. e não é que eu seja cética, política e fanática e só defenda causas humanistas universais. mentira. apenas lendo este blog, isso é facilmente suprimível. mas, veja bem: defendo também o relacionamento consigo mesmo. ou o relacionamento bizarro. o que carece de sentimento; o que transborda dele. a briga eterna da razão contra a emoção; um relacionamento complicadíssimo! defendo também os amores rápidos, e os carnais. e os eternos, fantasiados desde os filmes da Disney à propagandas. o que não defendo é essa ânsia de ter que namorar alguém. posso muito estar, à minha maneira, em minha cabeça. posso estar por um dia; e odiar pela eternidade. essa ânsia da estabilidade emocional. de se ter alguém sempre disponível, o mimo dos mimos. não digo que seja ruim. mas é que o mundo não aceita a solidão imprópria. pedem que se assuma a todo o tempo. e se não quiser eu me declarar e muito menos definir meu estado de amor? o amor é livre e atemporal. é isso que eu defendo. e tudo pode ser uma forma dele. a paixão pela vida - e por todos seus aspectos - é um compromisso tão febril quanto o seu namoro inconstante. hoje em dia, estar sozinha é estar mal. então, que não seja sozinha, que encare, então, todo tipo de gente, só para estar. parece que ter um tempo só para você nos afetaria. não poderíamos nos sentirmos carentes e sensíveis, pois assim redescobriríamos nossa alma repleta de vícios e virtudes que pretendemos esconder. repleta de paixões e vontades silenciadas. repleta de vergonhas, de passados obscurecidos. repletas de eu, eu verdadeiro essência eu, e que este eu nos assusta. não o eu que é para fazer seus amigos rir, ou para dizer alguma frase inteligente, ou este eu que você constrói e destrói a cada dia. o eu que está, lá, esperando para ser desvendado... e despertado! as pessoas nem mesmo se conhecem. e procuram se reconhecer em outros, desesperadamente. como se reconhecer verdadeiramente se estás a cega para seus tormentos?
e, sim, eu posso lhe parecer revoltada por estar sozinha, e ser parte (e sou) dos injustiçados largados à solidão que invejam as músicas românticas. mas me sinto bem agora. me sinto bem ouvindo pete doherty e sua fala rápida; meu vinho que salga e adocica minha boca; minha solidão que não tem nada de triste. talvez seja só poesia, mas quem disse que toda poesia é feita de lágrima?

(além do mais... vi o brad pitt duas vezes hoje.)