junho 28, 2011

redondos

você tem uns olhos fundos, pretos, redondos. tão perfeitamente redondos.
uns olhos que tem um não sei o quê que chamam para dentro, cada vez para mais fundo
fundo, fundo, fundo e infinito: anda-se por todo lado e só se vê esse seu escuro lacrimoso
fundo, fundo, fundo, não acaba mais, arredonda-se, acircula-se, e de baixo, também estou em cima
assim arredondado sem hierarquia: cava-se, cava-se, cava-se e não se chega; não há fim
espaço-tempo arredondado, quieto, me chama, me crava, e daqui mal posso sair
se me achego aos seus olhos pretos, confortáveis, serenos, não há como escapar
ali queria permanecer, eterno como por dentro ele é, arredondado em posição fetal
e meu círculo corporal então, se fecha com o círculo vicioso do seu olho letal
e assim, de tanto e pouco, que o tempo passa sem importar, que eterno seja seu arredondar