outubro 17, 2012

que nheco de vida

ai, meu bem. deixa disso. lambe-me a boca e acabou-se. se lava direito, postura reta. dá aqui uma tragada. dá uma tragada no meu peito. ai, meu bem. que nheconheco essa vida. que tanto se fala? fala de menos. ai meu jesus. deixa disso, rancor de outro, e tal, poesia barata. falar de amor, todo mundo fala. falar assim: sem você não vivo, qualquer um com água na boca diz. água na boca todo mundo tem. é saliva, meu bem, saliva que eu preciso. menos fala-fala. ai, meu bem, e o mundo? anda torto, tão torto, pra gente ficar aqui se torturando. fala menos e fuma mais. ai, amoreco. deixa de falar de dor dali e dor daqui. coma bem, rapadura, chupa aqui, ó. cana de açúcar, limão com sal, ai amado. essa dor tão pouca, meu bem, que quem doi não fala, não: geme. ai, meu bem. geme aqui no meu cantinho que tá tudo bão. vamo indo, amorzinho, vamo indo. com a graça divina, simpatia na gaveta, cada são jorge com seu dragão, eu e você nessa lua-loba. ai, meu bem, vai-te embora, vou-me doida. a vida anda, desanda, não liga pressa nossa fumaça, nosso fuzuê, uns motim de picuinha à toa. vai-te indo e vai-te fazendo. não faz assim, não, meu bem, o mundo não precisa de ti, mas o contrário, me diz, é fato, ai, meu deus, como não? e o mundo forma desfolha, a gente tenta, ué. a gente tenta, benzinho, que é que tem?