outubro 20, 2014

rascunhos

bando de mnino gordinho triste que queria ser artista. a faculdade que pisei bons anos era bem amaciada por egos masculinos triturados, se pensado artistas quando jovenzinhos, lambendo bergman godard pasolini chorando spielbierg. eles ficavam tristinhos e sumiam com os rabos entre as pernas então, e eu gostava da maioria deles, mas ás vezes me enchia esse papo e toda vez alguém ressuscitava um enterrado ou enterrado vivo (godard o mais ilustre destes), e depois paravam de ressuscitar os mortos, para falar de seus filminhos, todos quase ok, mas nada geniais, nenhuma ruptura, nenhum gênio sganzerleano abrindo a porta do inferno como sentiam ao escrever os roteirozinhos, e o pior é que todos eles sabiam. então paravam de falar dos filmezinhos e dos diretores e dos sonhos que tinham para ficar correndo pequenas amarguras e rancores, roendo pedaços de palhas como velhos, cansados de cocaína, se encharcando em cachaça e whiskey relativamente bons e caros. trabalhavam. e falávamos enfim da vida, das eleições, das relações de trabalho, da burguesia, do capitalismo, de cacheiras e praias e ás vezes algum ás de saudade surgia, para rapidamente ser engafinhada pela amargura crica e encerrada em si. os chãos do prédio da faculdade era todo formado de sulcos: esses menino quase todos ou muito gordinhos ou muito magros que desapareciam com o soprar do capital mais leve de todos deixavam os tais sulcos, preenchidos e embebedados pelas infelicidades fundas de tantos anos, dos professorizinhos principalmente.
é claro que tinha uns certos sucessos, coisa ou outra, de festival bestial, pacto com pai ou com o diabo, mas eu só me dei ao trabalho de ouvir um pouco essas bolinhas de recalque amassadas e expelidoras de fumaça de tabaco. quase nenhum era maconheiro - ótima nota.
as menina todas, é claro, eram também amargas, depressivas e absurdamente histéricas, vestindo o manto do santo freud, e desmentindo a histeria com histeria. também entravam sonhando quadros de artes diretores esses todos homens, rupturas, novas linguagens e graças a deus personagens femininas boas personagens femininas servidas de bandeja. mas as menina tinha alguma coisa que, além de gostarem mais de maconha, não tinham o ego todo triturado, já que não havia ego algum antes em se louvar godard ou caetano ambos portadores fálicos. costumavam algumas quase todas canalizar energias agressivas, seja por esforço contínuo absurdamente meritocrático e assustador, solitarias ou grudando nos grandes homens seja vagabundeando entre palavras de ordem e tentando organizar coletivos que se desmantelavam tão leve soprava o vento do patriarcado. tudo dava errado, os homens ocupavam os altos cargos, os coletivos se auto-fagocitavam, a energia agressiva continua ruminante em seu interior, ora ou outra, faziam malcriações, gritavam, eram imaturas e batiam o pé igual crianças loucas e infernais. não vi nenhuma recusar rebolar um funk - tome nota.