novembro 08, 2012

as turista

a turista de branco sorria, o chapéu de palha de lado, o coco gelado, o canudo amarelo. a turista de branco diviníssima entrava e saía, comprava e mandava, buscava negrinhos. a turista de branco morreu, de morte morrida, assassinada na vala, o coco entortado, o rayban roubado.
a turista camaleão sabendo, fez-se de safari, e no meio da gente nordestina, pôs-se a ser massa. comprou gloss rosa de esquina, estampa florida de quinta, sandália de nove e noventa da cristina. quebrou o cartão de crédito e no meio dos peitos bufantes guardava escondida as notas azuis sujinhas, sujadas de tinta. 
a turista camaleão inventou sotaque e colorido, inventou nome e sobrenome, inventou saber fazer o inhame, inventou caruaru no sangue. e de noite noitinha, na pousada miúda, ria fumando para ter dente de tártaro, da turista de branco, uma vagaba ex-amiga.
empanturrou-se de pitu, deu a dar-se o corpo de madama, ficou conhecida de arruda à pina e fazia coro junto das menina: era exploração sexual, usuária não usual, inventou a política do pau.
a turista de branco tudo via do trono celestial, aristocracia bestial, hotel cinco estrelas coisa e tal, anel de pedra rubra e corpete cor carmim, ria-se divertida: virou pobre, a vadia.