janeiro 01, 2011

imediato

sobre o tempo
eu já não sei
não posso mais saber:
o tempo é água
escorre e volta
envolve e mata

sobre o ano que vem
eu nunca saberei
o ano é mar
não nasce nem morre
não se conta nem se conhece

do dia que nasce
só isso eu sei
o dia que é
o meu ano
e o meu tempo
e a noite é
minha morte
temido descanso

minha vida eu já não sei
não tenho planos
não tenho encantos
minha vida se distende
por uma via que eu não vejo
há neblina na estrada
e eu ando devagar
sem ligar

e este mundo tampouco soube
é grande até não mais divisar
é tanto que eu me canso
e tudo que eu recebo é pouco
e o pouco é além dessa sede
dessa fome
dessa falta

a hora de agora
só isto eu sei
o que na minha'lma se agita
ou se cala, resfogelada
se me afogo ou se me salvo
se sou gente ou se sou pedra
ou se é de bicho
o meu instinto

só de agora eu me planejo
o próximo segundo
já não sei...
o resto inexiste
só agora é real
e a sua lembrança
que flutua
eterna
sem tempo, nem dia, nem ano

só agora eu sei
e só agora posso querer
ou te querer

agora e um pouco de sempre
em você
eu vivo no imediato
e também no infintio
vai saber
se assim é bom de viver

mas já não sei
contar as horas seguir os passos
se não na necessidade
de respirar expirar e ser
somente pra viver